quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Ferramentas

A aplicação da filosofia Lean na construção civil reúne inúmeros processos, começando pelo Projeto de Sistema de Produção (PSP), envolvendo passos como os horizontes de planejamento; o mapeamento do fluxo de valor; a escolha das ferramentas que serão aplicadas em cada etapa; os materiais e ferramentas que serão utilizadas, etc.
Para começar, é importante frisar que diferentemente do conceito de produção enxuta, a construção enxuta não entende que a edificação é apenas o resultado da conversão de materiais e substâncias em um produto, mas se “organiza de maneira diferente, atribuindo a relativa importância dentro do processo produtivo para as atividades de conversão e de fluxo. Apesar de ser considerado que a conversão agregue valor ao produto, os fluxos são essenciais no processo produtivo devendo também serem contemplados (KOSKELA, 1992)” ¹.
Por isso, o mapeamento do fluxo de valor (Value Stream Mapping) é parte integrante da filosofia, tendo como principal função analisar onde é que estão as atividades de maior valor agregado para, a partir daí, escolher algumas atividades que serão trabalhadas de forma especifica. “Por exemplo, se decidirmos por trabalhar nessa obra utilizando painéis de fachada, então vamos estudar essa questão e analisar como podemos reduzir o custo desse processo e otimizá-lo, exemplifica a engenheira civil Karina Bartotto Barth, mestre em Gerenciamento da Construção.
Em casos mais complexos envolvendo fluxo de valor, por exemplo, lança-se mão do Painel de Controle (Key Performance Indicators) como ferramenta de controle que, por meio de indicadores como o Percentual do Planejado Concluído (PPC), indicador muito utilizado, será verificado o atendimento ao mapa do fluxo de valores.

Planejamento
Para ser implantada, a filosofia Lean tem como primeiro passo o Projeto de Sistema de Produção (PSP). A engenheira Karina explica que é no PSP que as estratégias de execução são decididas. “É nesse momento que iremos analisar como trabalhar a fachada, se vamos usar grua e guincho; quantos elevadores serão utilizados; todas as técnicas de Scread, que é a parte de piso auto adensável; se utilizaremos fachada projetada; se vamos utilizar pré-fabricação; se a mão de obra será terceirizada ou não; se faremos o planejamento de longo prazo da obra; quando é que vai entrar a alvenaria, entre inúmeras outras questões”.
A implementação no decorrer da obra é evitada ao máximo, por aumentar os custos, prazos e comprometer a qualidade tanto da obra quanto do trabalho dos pedreiros, mestres e engenheiros. “É possível implementar, por exemplo, decidindo que será utilizada uma grua no meio da obra, mas as vezes não é viável, porque o custo para colocar essa grua será elevado”, argumenta a profissional.
É também durante essa etapa que são selecionadas as ferramentas a serem utilizadas. Como são inúmeras, deve-se analisar as que mais se aplicam à realidade da obra, sendo que algumas como o Andon e a Gestão Visual estarão sempre presentes.

Ferramentas e Conceitos

Não se fala em implementação da Lean sem que se entre no assunto: ferramentas. Para que seja implementada corretamente, algumas ferramentas facilitarão em muito o trabalho dos engenheiros, mestre de obras e pedreiros.
Serão citadas aqui algumas importantes ferramentas, mas não antes de relembrar que a origem delas tem ligação direta com o Just in Time, um dos pilares do Sistema Toyota de Produção. Como o próprio nome diz, o conceito Just in Time aplicado quer dizer que se faça apenas quando for necessário, nunca antes.
Look Ahead Plan
O Look Ahead é uma ferramenta utilizada e está dentro da metodologia de controle de produção Last Planner System, que trata do médio e curto prazos, sendo que o Weekly Work Plan) é referente ao curto prazo.
O Look Ahead leva em conta parâmetros gerais, sempre de olho no planejamento de curto e longo prazos, visando estimular ações mais próximas do tempo presente para que assim a concretização dos planos de longo prazo.
Gestão Visual
O Controle visual tem por objetivo tornar a gestão mais simples, permitindo que se tenha as ferramentas mais à vista, já que um dos princípios da filosofia Lean é a transparência.
Karina conta que no dia a dia da obra existe um acontecimento corriqueiro que vale ser utilizado como exemplo: “Um exemplo simples e que ocorre com frequência é deixar a planta guardada dentro de um armário. O que será feito pela gestão visual é colocar a planta na parede com informações para que todos tenham acesso ao status da obra”.

Andon – Ferramenta
O Andon é um dispositivo que visa solucionar questões aparentes assim que detectadas, sejam essas questões problemas na obra ou falta de materiais. Como forma ilustrativa, pode-se pensar no Andom como uma corda em uma linha de montagem. Ao surgir determinado problema, o próprio operário puxa a corda e a linha de montagem é parada para a resolução.
No dia a dia das obras o Andon funciona da seguinte forma: “tendo alguma coisa errada na obra, a ideia é o trabalho não tenha continuidade até que o problema seja solucionado. Por exemplo, eu percebi que tem algum problema na parte de instalação elétrica, eu não vou esperar até o final, fechar a parede, pintar a parede para depois testar para que, verificado o problema, seja necessário abrir a parede e repetir todo o processo. Por isso, a ideia é que a gente vá testando ao longo da execução”, exemplifica a engenheira Karina.
Na construção civil são utilizadas luzes, por meio de botões disponibilizados em locais estratégicos. Exemplificando, no caso de ter faltado argamassa, ao invés de o operário ficar parado, sem produzir, ele vai acionar o botão e uma luz será ativada na sala da engenharia, no operador da betoneira ou no guincheiro, sinalizando que lá em cima está faltando argamassa, então nessa mesma hora já será enviado um carrinho de argamassa para o local.
A3
O A3 é uma técnica de planejamento, na qual são disponibilizadas informações. Ele é um relatório encaminhado para um superior como forma de transmitir uma informação.
No tamanho A3, por ter sido criado com o entendimento de que ali coubessem todas as informações necessárias, sintetizando o que o superior precisa saber. “A periodicidade do relatório dependerá de cada caso. Na Toyota, por exemplo, existem relatórios A3 produzidos a cada hora, mas a exigência em outros locais pode ser mensal e dependerá da finalidade”, explica Karine.
¹ “Proposta de uma ferramenta de análise e avaliação das construtoras em relação ao uso da construção enxuta” (KOSKELA, 1992).

Esta materia foi extraída do blog do instituto IDD http://institutoidd.com.br/blog/?p=813

2 comentários:

ganhar curtidas disse...

Ótima matéria seu blog estou sempre vendo e é muito bom esta de parabéns !

Unknown disse...

Parabens pela iniciativa.