segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Niveis Hierárquicos de PCP e Lean Construction

Descrevo abaixo uma adaptação do artigo publicado no IV SIBRAGEC de 2005, em que os autores Márcio Roberto Ayub Tirintan (1); Sheyla Mara Baptista Serra (2) descrevem com habilidade o vinculo hierárquico do PCP com a Construção Enxuta (Lean Construction).

"O processo de planejamento e controle da produção (PCP) passa a cumprir um papel fundamental nas empresas, à medida que o mesmo tem um forte impacto no desempenho da função produção. Inúmeros estudos realizados no Brasil e no exterior comprovam este fato, indicando que deficiências no planejamento e controle estão entre as principais causas da baixa produtividade do setor, das suas elevadas perdas e da baixa qualidade dos seus produtos. Em que pese o custo relativamente baixo do processo de planejamento e controle da produção e o fato de que muitos profissionais têm consciência da sua importância, poucas são as empresas nas quais este processo é bem estruturado (FORMOSO, 2000).


Segundo KOSKELA (2000), o produto edificação distingue-se dos produtos de outras indústrias, principalmente por se tratar de um produto único, com grande volume e diverso a cada novo empreendimento. Neste contexto, o setor da construção civil tem procurado adaptar conceitos, métodos e técnicas desenvolvidos para ambientes de produção industrial que, em geral, são implementados através de procedimentos administrativos, como também de sistemas de planejamento e controle da produção. Entretanto, os sistemas desenvolvidos para o ambiente industrial nem sempre conseguem adaptar-se às situações de produção que ocorrem na construção civil, fazendo com que se acabem gerando sistemas inadequados e de baixa eficiência (ASSUMPÇÃO, 1996).

A ineficácia na transposição dos princípios desenvolvidos em outros ambientes produtivos ocorre porque estes não foram suficientemente abstraídos e aplicados sob a consideração das peculiaridades intrínsecas do ambiente da construção civil (KOSKELA, 1992).


Tendo em vista a importância do planejamento da produção, LAUFER & TUCKER (1987) citam quatro objetivos básicos:

a) assistir o gerente na direção da empresa;


b) coordenar as várias entidades envolvidas na construção do empreendimento;


c) possibilitar o controle da construção;


d) possibilitar a comparação de alternativas, facilitando, assim, à tomada de decisão.


Entre as principais adaptações da indústria seriada encontra-se a filosofia da produção enxuta que vem sendo estendida a outros setores da atividade econômica, inclusive da construção civil. Neste caso, tem havido inúmeros esforços de identificação, abstração, transporte e adaptação dos conceitos, princípios e práticas utilizados pela Produção Enxuta para o ambiente da construção civil. Assim, Lean Construction (Construção Enxuta) é uma filosofia de produção para a construção civil, baseada na aplicação de conceitos, princípios e práticas do Novo Paradigma de Produção à construção civil (BERNARDES, 2001). A partir de trabalhos desenvolvidos por um grupo internacional de pesquisadores, denominado Grupo Internacional da Lean Construction (HOWELL, 1997 citado por (SCHRAMM, 2004), diversas estratégias e recomendações têm sido implementadas com sucesso.

OBJETIVO


Em se tratando de planejamento de obras e dos vários níveis de planejamento, muitas decisões são tomadas isoladamente e sem nenhum vínculo entre os planejamentos estratégico, tático e operacional. Sendo assim, este trabalho tem o objetivo de propor diretrizes que aumentem a vinculação e a ligação entre os níveis hierárquicos da gestão dos empreendimentos, através de reflexões da Lean Construction.


NÍVEIS HIERÁRQUICOS DO PCP E LAST PLANNER


Segundo LAUFER & TUCKER (1987) o planejamento deve responder a quatro questões:


1 – O que deve ser feito (quais atividades)?;


2 – Como as atividades devem ser realizadas (quais os métodos)?;


3 – Quem deve executar as atividades e com que meios (quais os recursos)?;


4 – Quando as atividades devem ser realizadas (qual a seqüência)?.


Devido a grande variedade de informações a serem tratadas e disponibilizadas em diferentes planos de decisão, alguns autores, tais como NEALE & NEALE (1986) citado por FORMOSO (1991), definem três grandes níveis hierárquicos na gestão dos empreendimentos:


a) estratégico: este nível se refere à definição dos objetivos estratégicos do empreendimento, a partir do perfil do cliente. Deve envolver o estabelecimento de estratégias para atingir os objetivos do empreendimento, como, por exemplo, a definição do prazo da obra, as fontes de financiamento, as parcerias, etc.;


b) tático: neste nível, as principais definições estão relacionadas à seleção e aquisição de recursos que são necessários para atingir os objetivos do empreendimento, bem como a elaboração de um plano geral para a utilização destes recursos;


c) operacional: este nível está relacionado à definição detalhada das atividades que serão realizadas, seus recursos e o momento da execução. BALLARD (2000) foi o criador do método de planejamento conhecido como “Last Planner”. Basicamente o planejamento é dividido em longo, médio e curto prazo. Comparando-se à gestão de empreendimentos ou PCP, o nível tático corresponde aos horizontes de longo e médio prazo e o nível operacional ao curto prazo.


O planejamento de longo prazo tem como principal produto o plano mestre da obra, apresentando um horizonte que corresponde a todo tempo de construção. Este planejamento representa o primeiro planejamento do nível tático, no qual são definidos os ritmos de produção e, em conjunto com os dados de orçamento, o fluxo de despesas, que deve ser compatível com o estudo de viabilidade realizado na fase de planejamento estratégico do empreendimento (FORMOSO et al., 1999). O planejamento de médio prazo, também conhecido como Lookahead (olhar para frente), consiste no segundo nível do planejamento tático. Busca vincular o plano de longo prazo (plano mestre) ao plano operacional (curto prazo), o qual orienta a produção. E por fim o planejamento de curto prazo que tem caráter operacional, pois orienta diretamente a produção. É caracterizado pela atribuição de recursos físicos às atividades programadas no plano de médio prazo.


Pesquisas recentes implantaram o planejamento com o método "Last Planner" (BALLARD; HOWELL, 1998) e mostraram que o planejamento e o controle focados na equipe de produção (canteiro de obras) e no mestre-de-obras é a ponte para unir a programação do empreendimento com o comprometimento nas programações e para facilitar o uso de um sistema de controle de produção que realmente funcione (MENDES JR, 1999). O diferencial entre os níveis de planejamento convencional e os propostos por BALLARD (1997), é que na visão proposta o foco é o canteiro de obras, isto é, o planejamento de médio prazo ("Lookahead") é realizado baseando-se no plano tático e, principalmente, nas condições da obra. O planejamento operacional é realizado pelos envolvidos diretamente no processo, e este, por sua vez, deve ser integrado ao planejamento tático e estratégico da empresa."

2 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia,

Gostaria de saber o nome do artigo utilizado como base para essa postagem. Caso tenha outros trabalhos (artigos, teses ou dissertações) sobre esse tema, poderia postar os links.Grata
Vanja

Msc. Eng. Bruno Soares de Carvalho disse...

Bom dia Vanja,

Favor me passar seu email que eu te encaminharei o arquivo.

brunosoaresdecarvalho@hotmail.com

Obrigado por acompanhar meu blog!
Abraço
Bruno